expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 22 jul. 15:15

Trabalhadores da PT querem ser recebidos por Costa

Trabalhadores da PT querem ser recebidos por Costa

Há um mês que os trabalhadores da PT, com o emprego sob ameaça, esperam ser recebidos pelo primeiro-ministro. Milhares desfilaram na sexta-feira em Lisboa contra a saída de trabalhadores de um grupo que é lucrativo e gera receitas de €2,3 mil milhões

Os sindicatos e representantes dos trabalhadores da PT não vão baixar os braços contra os actos de gestão e a estratégia para os recursos humanos da Altice, cuja medida mais visível é a transferência de trabalhadores, ao abrigo da figura jurídica de transmissibilidade de estabelecimento, para empresas subsidiárias ou parceiras do grupo franco-israelita, liderado por Patrick Drahi. Segunda-feira vão pedir uma reunião de urgência com a nova presidente, Cláudia Goya, e quarta-feria reúnem para decidir novas forma de luta.

Foi uma greve histórica e com uma grande adesão, talvez a maior de sempre, admitem os sindicatos. Desde 2006 que a PT não fazia uma greve geral para combater medidas de gestão. Antes da paralisação de 2006 (provocada por alterações no sistema de proteção de saúde) e da de sexta-feira, com uma dimensão semelhante, tinha havido uma greve geral em 1994, na altura em que as várias empresas estatais do sector das comunicações se juntaram para dar origem ao grupo PT.

Há, como é habitual, uma guerra de números face à percentagem de grevistas: a PT fala em 19%, os sindicatos apontam para 70%. Os sindicatos afirmam que apesar da adesão em Lisboa ter sido fraca, devido à pressão das chefias para que as pessoas fossem trabalhar, chegaram a marchar para a residência do primeiro-ministro, em São Bento, mais de quatro mil pessoas.

Os sindicatos e a comissão de trabalhadores da PT querem ser recebidos pelo primeiro-ministro, António Costa, um encontro que andam a solicitar há mais de um mês. Um pedido feito depois de o Expresso ter noticiado, a 20 de maio, que a Altice pretendia avançar com rescisões em larga escala, que já tinha abordado o Governo para lhe falar sobre o estatuto de empresa em reestruturação, e podiam estar em causa cerca de 3000 trabalhadores. Costa, que tem tecido duras criticas à PT por causa das falhas do Siresp, disse na altura que não iria aceitar um despedimento coletivo na PT.

Transferências polémicas

A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) está a fazer uma ação inspetiva ao processo de transferência de 155 trabalhadores da PT para a Winprovit, Tnord e Sudtel, as duas últimas subsidiárias da Altice.

Sendo a PT uma empresa lucrativa e com uma receita de 2,3 mil milhões de euros em 2016, os sindicatos e os representantes dos trabalhadores consideram inexplicável que a Altice esteja a transferir trabalhadores da operadora para subsidiárias suas. Ao serem transferidos estes trabalhadores perdem, ao fim de um ano de contrato com as novas empresas, as regalias associadas ao grupo PT e passam a ter as praticadas nas novas empresas, se as houver.

Solidário, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, já veio dizer que compreende luta dos trabalhadores e diz que se trabalhasse na PT e estivesse a ser transferido para empresas subsidiárias da Altice provavelmente também faria greve. "Se fosse trabalhador da PT, se calhar também estava a fazer greve", disse em entrevista à RTP.

PCP fala manhas da Altice

O secretário-geral do PCP considerou, sexta-feira ao final da noite, que estão a ser usados "subterfúgios e manhas" para liquidar postos de trabalho na PT/MEO e reiterou que a empresa deve regressar ao domínio público. Com que modelo a PT regressaria ao controlo público, Jerónimo de Sousa e o PCP ainda não explicaram.

"É dramático assistir, a uma empresa de ponta em termos tecnológicos (...) e que, de repente, se verifique esta tentativa de liquidar milhares de postos de trabalho, procurando, através de subterfúgios e manhas, transmitir para empresas mais ou menos fictícias centenas e centenas de trabalhadores para os levar e conduzir ao despedimento ou à aceitação do despedimento", vincou Jerónimo de Sousa citado pela agência Lusa.

"Tenho a certeza de que a nossa organização do partido estará profundamente solidária com os trabalhadores da Portugal Telecom na ideia de combater os despedimentos, o desemprego e manter aquela empresa como um serviço público ao país", declarou ainda, reafirmando a ideia de que a empresa deve regressar ao domínio público.

Jerónimo de Sousa criticou a decisão de entregar a PT à multinacional Altice, apontando responsabilidades ao PSD, PS E CDS: "Entregaram-na, como entregaram as EDP's como entregaram as ANA's, como entregaram as Petrogais, como entregaram as Cimpor's; como entregaram aquilo que eram alavancas fundamentais da nossa economia e do nosso desenvolvimento, que hoje estão nas mãos dos estrangeiros. É inaceitável".

O líder comunista mostrou-se ainda preocupado com as eventuais consequências da compra do grupo que detém a TVI por parte da Altice, referindo que, se tal se concretizar e tendo em conta os setores estratégicos que já tem, "essa multinacional pode parar o país".

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