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“Não há uma crise migratória mas uma crise de gestão das migrações”

“Não há uma crise migratória mas uma crise de gestão das migrações”

A representante especial das Nações Unidas para as Migrações Internacionais, Luise Arbour, defende que existe uma crise de gestão das migrações

A representante especial das Nações Unidas para as Migrações Internacionais defende que existe uma crise de gestão de migrações, para a qual é preciso estar mais bem equipado e reconhecer que a origem do problema não está em África.

Em entrevista à agência Lusa, à margem da conferência de alto nível sobre gestão de migrações, organizada pelo Parlamento Europeu, que decorreu na quarta-feira, em Bruxelas, Louise Arbour defendeu que a realidade atual não é a de uma crise migratória, mas sim a de uma crise de gestão de migrações.

“Quando as pessoas viram a sua revolta contra os migrantes é uma forma, penso eu, de virarem a sua revolta contra o seu próprio governo por não ter conseguido, apesar de todas as sofisticações dos países ocidentais, gerir esta afluência, como qualquer outra afluência súbita, de muitos e variados migrantes”, apontou a responsável.

Nesse sentido, sustentou que os países precisam estar mais bem equipados para lidar com esta realidade e também de reconhecer que é um “estereótipo muito simplista” o entendimento de que os países africanos funcionam como origem de migrantes e refugiados, e os países europeus como destino.

“A maior parte das pessoas que cruzam fronteiras para trabalhar ou escapar a dificuldades mantém-se na sua região. Por isso, o grosso dá-se dentro de África e muitos países africanos, assim como muitos países sul-americanos, são não só países de origem de migrantes, mas também países de trânsito e de destino”, explicou.

Sustentou, por isso, que se houver mais conhecimento dos “verdadeiros problemas”, será possível encontrar "muito melhores soluções".

Questionada se a Europa e os Estados Unidos estão a fazer tudo o que podem em matéria de migrações e acolhimento de refugiados, Louise Arbour apontou que é muito importante que estas duas potências “venham para a mesa [das conversações] à procura de soluções globais"”

“Penso que não ajuda olhar para os problemas de forma isolada [porque] a mobilidade das pessoas é um assunto global e portanto fico muito satisfeita quando as pessoas se sentam à mesa em busca de soluções”, sustentou, elogiando a realização da conferência de alto nível e apontando-a como o tipo de passo que é preciso dar nas próximas semanas e meses para tentar encontrar uma solução.

“Vamos ver de onde vem a solução, vamos encontrá-la juntos”, rematou Louise Arbour.

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