visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 25 jun. 09:00

As polémicas de Pedro Guerra comentadas pelo próprio

As polémicas de Pedro Guerra comentadas pelo próprio

Numa altura em que está no centro das atenções por causa das acusações do FC Porto ao Benfica sobre um alegado esquema de corrupção na arbitragem, Pedro Guerra comenta para a VISÃO seis episódios que confirmam a tendência para o confronto na praça pública

O título da crónica de Pedro Guerra no jornal O Independente não era um mero trocadilho com o seu nome. Chamava-se “Guerra à vista” por ser grande a probabilidade de gerar conflito e polémica. A fama já vinha das notícias que o jornalista escrevia, nos anos 90, ainda antes de ter espaço reservado. E dos muitos títulos corrosivos que lhe saíam da cabeça diretamente para a manchete, imagem de marca da irreverência do semanário criado por Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso. Na política e no futebol, para onde seguiria após renunciar à carteira de jornalista – como assessor de Paulo Portas e em várias funções no Benfica –, Guerra justificou sempre o apelido. Agora está no epicentro de um alegado esquema de corrupção na arbitragem que o FC Porto lançou sobre o rival da Luz, mas já antes muitos outros episódios revelavam o gladiador que afronta tudo e todos. Desafiámo-lo a comentar seis deles e a resposta veio via SMS.

1 - "Herdade para ter juízo"

Ficou conhecido como o caso do “Monte dos Frades”. Segundo noticiava O Independente em 1992, o então ministro das Finanças Jorge Braga de Macedo teria recebido indevidamente subsídios comunitários para a sua herdade em Avis, no Alentejo. Em causa estavam verbas destinadas a jovens agricultores, o que não era o caso do ministro de 46 anos. 
O jornal acusou-o de recorrer ao nome de um cunhado mais jovem, que cumpria o requisito da idade, para obter os fundos para o projeto. Pedro Guerra saiu-se com o trocadilho “Herdade para ter juízo” e a primeira página seguiu assim para as bancas. Braga de Macedo processou o jornal e o caso arrastou-se nos tribunais, até O Independente ser condenado a pagar uma indemnização, em 2000.

Pedro Guerra: “O ministro das Finanças disse em tribunal que o que mais o apoucou foi o título. O truque era simples: trocadilhos com ditados populares ou filmes e séries de TV.”

2 - O roubo de Luís Filipe Vieira

Em 2001, Pedro Guerra desenterrou a sentença que tinha levado à condenação de Luís Filipe Vieira, em 1993, pelo “crime de roubo”, a 20 meses de prisão. O caso remontava a 1984, quando Vieira era apenas um “comerciante”. Um amigo pediu-lhe ajuda para cobrar uma dívida e planearam roubar um camião ao devedor. “Luís Filipe Vieira e José Gama pagaram, como acontece nos casos de cobranças difíceis, os serviços da rapaziada musculada”, escreveu o jornalista, sobre o método utilizado. Quando a notícia foi publicada, Vieira já não era um anónimo: tinha deixado a presidência do Alverca para assumir a pasta do futebol no Benfica. “A sorte dos arguidos, Luís Filipe Vieira incluído, foram duas leis da amnistia, que lhes valeram o perdão total das penas de prisão”, acrescentava o artigo.

Pedro Guerra: “Foi uma mera notícia de Justiça, sem a gravidade que maldosamente lhe atribuem. Ficou tudo em pratos limpos num jantar em que um amigo comum nos sentou à mesa. Percebi nessa noite que o Benfica iria voltar à ribalta com Luís Filipe Vieira.”

3 - Salário acima do ministro

Quando Paulo Portas assumiu o cargo de ministro de Defesa, em 2002, convidou o seu ex-jornalista para ser seu assessor. Um salário bruto de 4888 euros, publicado em Diário da República, foi notícia nos jornais. Nem o Avante! deixou escapar a oportunidade de assinalar um rendimento tão elevado, acima do auferido pelo próprio ministro. Um erro de publicação que “foi depois retificado”, explicou o próprio Guerra ao Observador, no ano passado, sem precisar quanto recebia, afinal. “Já não me lembro”, justificou.

Pedro Guerra: “Fui assessor com muito gosto enquanto o dr. Paulo Portas liderou o CDS. Com a sua saída, o partido nunca mais será o mesmo.”

4 - O agente da desinformação

À TSF, a socialista Ana Gomes denunciou, em 2011, aquilo a que chamou de “central de desinformação e calúnia de dirigentes do PS” durante o processo Casa Pia, que funcionava, segundo a eurodeputada, “junto do então ministro Paulo Portas”. E acrescentou que “Pedro Guerra era um dos principais agentes dessa central de desinformação”, acusada de ter “alimentado o tratamento na Imprensa” em relação a alguns dos seus companheiros de partido.

Pedro Guerra: “Só a psiquiatria pode explicar. Um evidente caso de falta de vergonha e de decoro de quem se julga justiceira. Uma paraquedista sobrevivente que tem amigos nos sítios certos e que vamos ter de continuar a aturar, infelizmente.”

5 - Jorge Coroado ao ataque

Num despique verbal com Jorge Coroado na CMTV, em 2014, a conversa descambou quando o ex-árbitro lhe disse que não era “aplaudómetro”. “Eu não aplaudo só porque me pagam para aplaudir”, atirou. Em resposta, Guerra contra-atacou assim: “Você já tem uma certa idade e eu respeito isso, mas fica-lhe mal.” Seguiram-se 50 segundos de troca de galhardetes, com Coroado na ofensiva. “Mentiroso é você, emprenha pelos ouvidos. Se gosta de aplaudir, parabéns, continue que é o seu modo de vida.”

Pedro Guerra: “Destila ódio ao Benfica. Frustrado por nunca ter sido presidente do Conselho de Arbitragem. E ainda bem que não foi.”

6 - Desafiado para a luta

Terminado o programa Prolongamento, da TVI 24, de 6 de outubro de 2015, Eduardo Barroso levantou-se e dirigiu-se a Pedro Guerra, desafiando-o para um duelo de punhos “lá fora”. Bruno de Carvalho tinha acabado de denunciar o que ficaria conhecido como o caso dos vouchers e os ��nimos exaltaram-se. Aconselhado por Manuel Serrão a não o fazer, o cirurgião do Sporting acabou por não esperar o representante do Benfica para o confronto físico. Mas na semana seguinte, depois de Guerra o ter chamado de cobarde, abandonou de vez o programa.

Pedro Guerra: “Além da falta de chá e de educação, este conhecido sócio do Sporting, que se julga dono do clube, tem a virtude de estar com todos os presidentes. Não aguentou a minha pressão alta e fugiu.”

Artigo publicado na VISÃO 1267 de 21 de junho

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