www.publico.ptRita Pimenta - 25 jun. 11:13

Palavras, expressões e algumas irritações: floresta

Palavras, expressões e algumas irritações: floresta

Em sentido figurado, “floresta” significa “labirinto” e “colecção variada de narrativas”. Muitas por escutar. Um privilégio de quem continua vivo.

“Grande extensão de terreno coberto de árvores” é a definição simples para a complexidade de “floresta”. Um dos dicionários consultados acrescenta “mata”, “bosque”, para rematar com frases que nos habituámos a ouvir há muito, mas que nos últimos dias não param de ser repetidas. Uma positiva: “Protecção da floresta.” Duas negativas: “O fogo devastou uma parte da floresta” e “destruição da floresta”.

Uma enciclopédia geográfica, editada em 1989, oferece-nos explicação mais completa: “Superfície espontaneamente arborizada, contínua e extensa, agrupando uma grande variedade de espécies animais e vegetais distribuídas por estratos.”

Antes de transcrevermos o que se segue, repetimos o ano de edição da enciclopédia, 1989: “Em Portugal, o assunto está em discussão devido à devastação da floresta por fogos e à necessidade de ocupar esses terrenos com novas espécies resistentes ao fogo, rentáveis e que não criem desequilíbrios com os solos.” Foi (só) há 28 anos.

Depois dos incêndios dramáticos que começaram no fim-de-semana passado, Pacheco Pereira lembrou, com pertinência, que “na maioria das calamidades (não todas) é a natureza artificial que conta, porque há muito que a natureza natural, perdoe-se o pleonasmo, já não existe. E se é obra humana, artificial, remete para uma cadeia de responsabilidades de todo o tipo”.

Rui Tavares realçou, também com pertinência, a profusão de “especialistas instantâneos em incêndios por estes dias” e a necessidade de ouvir os “que se deram mesmo ao trabalho de estudar e pensar prolongadamente sobre um determinado tema”.

Em sentido figurado, “floresta” significa “confusão” e “labirinto”. E ainda “colecção variada de narrativas”. Muitas por escutar. Privilégio de quem continua vivo.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações bem como a Semana Ilustrada (esta da autoria do ilustrador Eduardo Salavisa) encontram-se publicadas no P2, caderno de Domingo do PÚBLICO 

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