www.publico.ptpublico.pt - 25 jun. 09:00

Nigéria e Líbia estão a ajudar a baixar o preço do petróleo

Nigéria e Líbia estão a ajudar a baixar o preço do petróleo

Os dois países isentos do acordo global de redução de produção estão a colocar milhares de barris adicionais no mercado.

A luta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) contra o excesso de petróleo (e baixa de preço) encontra-se ameaçada devido ao crude com origem na Nigéria e na Líbia, países isentos do acordo global de redução de produção. A Nigéria tem mais de 60 milhões de barris de crude por vender, afirmam os seus vendedores, tendo atingido este nível há dois anos, aquando do pico global de oferta excendentária. Mais planos de exportação vão ter início dentro de uma semana, podendo trazer mais de 50 milhões de barris extra.

Entretanto, a Líbia apresentou quase o triplo da quantidade de crude para os mercados globais quando comparado com o ano anterior. Poucos esperavam que a produção das duas nações recuperasse tão rapidamente e pode consequentemente arruinar os planos da OPEP subir os preços do petróleo depois de uma descida de quase três anos.

Há cerca de três semanas, a OPEP, constituída por 14 membros [a Guiné Equatorial juntou-se em Maio], prolongaram o acordo feito em Dezembro com vários países produtores não-membros [onde se destaca a Rússia] para reduzir a produção por 1,8 milhões de barris por dia (bpd), depois de observados os números do ano passado.

No entanto, a OPEP também renovou as isenções da Líbia e da Nigéria, que se têm confrontado com conflitos internos. Contudo, essa questão tem vindo a perder import��ncia. “Entre os dois, a produção aumentou 600 mil barris diários” desde o acordo original ter sido feito, indica Amrita Sem, analista da Energy Aspects. “Esse número equivale a metade dos cortes feitos pela OPEP”.

Agora, a Royal Dutch Shell levantou a proibição de compra de crude de Forçados, na Nigéria, adicionando cerca de 250 mil barris por dia ao mercado mundial. A extracção de petróleo da Líbia atingiu o seu máximo desde Outubro de 2014 com 835 mil barris por dia só este mês, apesar do breve encerramento do campo de El-Sharara, a unidade petrolífera mais produtiva do país, devido a protestos.

Contudo, fontes da OPEP indicam que os pedidos para incluir a Líbia e a Nigéria no acordo nunca obtiveram apoio suficiente. O secretário-geral da organização, Mohammad Barkindo, disse este mês que era demasiado cedo para que estes países fossem considerados para a redução de produção.

Mas o excesso é visível e está a ser derramado directamente na bacia do Atlântico, onde se encontram as plataformas petrolíferas que sustentam a referência mundial Brent. “Tudo está no mercado e tudo está a extrair”, disse um operador de mercado da África Ocidental. Os operadores indicam que algumas refinarias do Mediterrâneo, seus compradores habituais, estavam a revender o petróleo. Um outro operador, do Mediterrâneo, disse que ainda que embora a Líbia não fosse “uma fonte totalmente segura”, o país está com “elevados níveis de produção em várias áreas”.

Os dois países ainda geram dúvidas quanto à sua permanência na corrida, especialmente devido aos problemas políticos da Líbia. No entanto, os futuros do Brent [produto de mercado derivado, que mostra a tendência do preço do barril] estão quase 20% abaixo do seu valor máximo de 2017 e mais de 10% abaixo do nível antes da reunião da OPEP em Maio.

“O maior problema é o light crude, diz o analista da Energy Aspects, Amrita Sem, acrescentando que a bacia do Atlântico está repleta deste tipo de crude. “É nesta área que a OPEP não é suficientemente ágil”, sustenta, sendo que as referências de mercado são do tipo light, e os cortes estão a ser feitos nos outros tipos de crude.

Até barris dos Estados Unidos [que compete com a OPEP através dos hidrocarbonetos de xisto] estão a vir na direcção da Europa e Ásia, a tentar enfraquecer as referências mundiais. A dinâmica aponta para que seja necessária mais intervenção por parte da OPEP, dizem operadores e analistas. Os cortes do grupo ligado à OPEP, diz James Davis, analista da FGE, terão de “ser mais profundos para manter o status quo”.Com Rania El Gamal. 
Reuters /PÚBLICO
. Tradução de Bárbara Melo

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