expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 24 jun. 22:28

Empresa que forneceu revestimento da Torre Grenfell sabia que era perigoso

Empresa que forneceu revestimento da Torre Grenfell sabia que era perigoso

A revelação é feita pela Reuters, que cita avisos bastante explícitos numa brochura comercial

A empresa que forneceu o revestimento para a Torre Grenfell, em Londres, que foi consumida por um incêndio a 14 de junho causando 79 vítimas (mortais ou desaparecidas), sabia que o material usado nos painéis não era adequado a um edifício habitacional tão alto. A notícia é dada este sábado pela agência Reuters, que menciona emails enviados e recebidos pela gerente de vendas da Arconic Inc, uma empresa sediada em França, bem como uma brochura de 2016.

Na brochura, a Arconic Inc. descreve três tipos de painéis, que devem ser usados em edifícios com alturas respetivamente até 10 metros, 30 metros e mais de trinta metros. Embora a Torre Grenfell atinja 67 metros, foram os painéis próprios para os edifícios mais baixos que acabaram por ser aplicados no revestimento. Esses painéis eram constituídos por polietileno, um material combustível.

E, no entanto, a brochura era clara: "Quando se concebe um edifício, é crucial escolher os produtos adequados para evitar que o fogo se espalhe ao edifício inteiro. Em especial tratando-se de fachadas e telhados, o fogo pode espalhar-se com extrema rapidez. Assim que o edifício exceder a altura das escadas dos bombeiros, tem de ser concebido com um material não combustível".

Descartar responsabilidades

A Arconic Inc. alega agora que as regulamentações na matéria competem às autoridades de cada país. Outras empresas envolvidas também descartam responsabilidades. Por exemplo, a Omis Exteriors, que cortou os painéis e os entregou à instaladora do revestimento. Esta última, bem como o empreiteiro geral e a autoridade local do bairro de Kensington e Chelsea, recusaram falar à Reuters.

A Torre Grenfell, um edifício de habitação social com 24 andares, fica numa das zonas mais ricas de Londres. O incêndio que a consumiu terá tido origem num frigorífico avariado, mas alastrou com enorme rapidez pelo revestimento exterior do edifício. O polietileno é proibido naquele tipo de edifícios em muitos países.

No Reino Unido, ao que parece, a regulamentação não �� totalmente clara. Apenas um dos aspetos polémicos numa tragédia que levanta questões sobre a relação entre desigualdade social e segurança publica, e cuja discussão não vai terminar cedo.

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