Rosália Amorim - 24 jun. 01:01
Opinião. Floresta precisa de "choque de gestão"
Opinião. Floresta precisa de "choque de gestão"
A economia perde qualquer coisa como 250 milhões de euros por ano com incêndios
Boas e más notícias. Na semana do grande incêndio em Pedrógão Grande, que pôs em causa tantas vidas, tantas famílias e toda uma economia da floresta assente num território verde ainda cheio de debilidades, chegaram as más notícias mas também as menos más do ponto de vista económico.
Vamos primeiro às más: a economia perde qualquer coisa como 250 milhões de euros por ano com incêndios, segundo estimativas publicadas nesta semana em www.dinheirovivo.pt. Esse é um dos temas centrais na entrevista com António Serrano, ex-ministro da Agricultura. Diz que é preciso “tomar consciência do nosso petróleo verde e que “não é derramando mais dinheiro sobre o problema que ele se resolve, mas é preciso um choque de gestão no território”. E mais, retira a carga negativa sobre o eucalipto, recusando a ideia de que este é o diabo e atribuindo esta figura do diabo ao abandono das terras. O tema merece ainda reflexão no texto do Destaque, para ler nas páginas 6, 7 e 8.
Do lado das boas notícias, uma delas prende-se com o boletim económico de junho do Banco de Portugal. O BdP confia numa retoma equilibrada, mas com “importantes constrangimentos” a prazo que podem prejudicar a riqueza e os salários. Com estes alertas já se antevê, uma vez mais, o adiamento de uma discussão construtiva e de longo prazo em matéria de remunerações. Quer Portugal ser o país que se distingue pelo custo de mão-de-obra reduzido? Não será “mais importante do que o salário mínimo discutir o salário justo, sempre aliado à produtividade”, como disse nesta semana Bruno Bobone, na comemoração dos 180 anos da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, que preside?
O crescimento real da economia deverá ser melhor do que o esperado há três meses. Segundo o BdP, em vez de crescer 1,8%, o PIB deve expandir-se cerca de 2,5% neste ano, naquele que será, juntamente com o de 2007, o melhor registo desde 2000 (quando cresceu 3,8%). O banco central até é a instituição mais otimista, no entanto deteta “importantes constrangimentos” sobre a evolução futura da economia que podem deitar por terra esta retoma.