Joseph S. Nye, Jr. - 24 jun. 01:00
Opinião - Estratégia Marco Polo de Xi Jinping
Opinião - Estratégia Marco Polo de Xi Jinping
A Ásia tem o seu próprio equilíbrio de poder, e nem a Índia, o Japão ou o Vietname querem a dominação chinesa. Eles veem a América como parte da solução
No mês passado, o presidente chinês, Xi Jinping, presidiu a um altamente orquestrado fórum "Cintura e Rota" em Pequim. O evento de dois dias atraiu 29 chefes de Estado, incluindo o russo Vladimir Putin, e 1200 delegados de mais de cem países. Xi chamou à Iniciativa Cintura e Rota da China o "projeto do século". Os 65 países envolvidos compreendem dois terços da massa terrestre mundial e incluem cerca de quatro mil milhões e meio de pessoas.
Originalmente anunciado em 2013, o plano de Xi para integrar a Eurásia através de um bilião de dólares de investimento em infraestruturas que se estendem desde a China até à Europa, com extensões para o Sudeste . A política americana não é a contenção da China, veja-se os fluxos maciços de comércio e estudantes entre os dois países. Mas enquanto a China, fascinada por uma visão de grandeza nacional, se envolve em disputas territoriais com os seus vizinhos marítimos, tende a depositá-los nos braços dos Estados Unidos.
Na verdade, o problema real da China é a "autocontenção". Mesmo na era da internet e das redes sociais, o nacionalismo continua a ser uma força muito poderosa.
No geral, os Estados Unidos devem receber bem a Iniciativa Cintura e Rota da China. Como disse Robert Zoellick, ex-representante do Comércio dos EUA e presidente do Banco Mundial, se uma China em ascensão contribui para o provimento de bens públicos globais, os EUA devem encorajar os chineses a tornarem-se um "interveniente responsável". Além disso, pode haver oportunidades para que as empresas americanas se beneficiem dos investimentos da "Cintura e Rota".
Os EUA e a China têm muito a ganhar com a cooperação em várias questões transnacionais, como a estabilidade monetária, as alterações climáticas, as regras cibernéticas da rota e o antiterrorismo. E, embora a iniciativa renda à China tanto ganhos como custos a nível geopolítico, é improvável que tenha uma grande influência na estratégia global, como acreditam alguns analistas. Uma questão mais complicada é se os EUA conseguem cumprir o seu papel.
Professor em Harvard e autor de Is the American Century Over?